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  • Foto do escritorAna Thomaz

"O Doce Banquete dos Sentidos"

Atualizado: 4 de nov. de 2020

Quando, onde e porque a cultura ocidental se desconectou de sua origem digna de humanidade, não sabemos ao certo, mas desconfiamos que estamos desconectados de algo muito importante, de uma essência, uma fonte, uma origem.


Talvez seja essa desconexão que faça com que exista tanta disputa e competição dos humanos com todos os seres sencientes que compõe a rede da vida, inclusive de humanos contra humanos, assim como irmãos brigam pela atenção dos pais.


Nos sentimos órfãos, sem mãe nem pai, jogados em um mundo hostil, de dominadores e dominados, lutando para sobrevivência medíocre de matéria sobre matéria; insaciáveis e desconfiados, acordando todos os dias acreditando que a vida é uma luta que nos incita ao ataque e defesa para mais um dia de sobrevivência de pura distração.


Não sabemos como as coisas se deram para chegar a esse ponto de autodestruição de uma cultura que polui o ar que respira, que envenena a comida que come, que suja a água que bebe, que paga bem caro para ter uma vida barata.


Mas ainda nos resta o "doce banquete dos sentidos" (nossa perdição e nossa salvação), que quando desobstruídos dos desejos egoicos, nos permite a reconexão que principia nossa cultura ocidental, que como toda cultura, nasceu do sagrado, do mistério, de mais amplitude que a mente humana cotidiana consegue alcançar, mas que indica a possibilidade da existência de uma mente além da humana.

Uma mente coletiva que nos coloca juntos na rede da vida que inclui toda e qualquer vida em qualquer dimensão, tempo e espaço.


Uma experiência que nos permite perceber o ser humano antes da diferença de gêneros, dos tons de pele, das idades, das aparências sociais, econômicas e intelectuais, das doenças, das diferenças...que nos amplia a percepção para o elo de dependência entre todas as formas de vida.


E porque se desconectar com uma fonte de potência para viver na miséria da destruição?

Talvez porque a potência só existe na incondicionalidade que não permite controle e nem garantia. E isso nos assusta.

Talvez tenhamos nos deixados seduzir pela ilusão da possibilidade de controlar e garantir algo nessa vida. E isso desperta a ambição cega.

Assim como nos deixamos seduzir ao aceitar viver experiência tão desvitalizantes desde que haja ganhos secundários que representem a idéia, mesmo que ilusória, de controle e garantia.


Então vem a pergunta: para que precisamos de controle e garantia?


O que gera algumas outras perguntas: de onde surgiu a idéia de missão? de propósito? de ser tornar alguém na vida? de busca de reconhecimento e legitimidade?


Todas essas questões que nos lançam em um campo de guerra.


Parece que surgiu da crença de orfandade, da sensação de uma cultura sem princípio, sem sagrado, sem pertencimento e nem legitimidade.


E toda uma sociedade, um sistema se desenvolve e se sustenta baseado na delusão de um início sem princípio.


Impossível existir vida sem vida, incapaz de ter pulsão sem potência.


Não temos idéia do que é humanidade, por isso a desprezamos, transformando em folclore a potencia dos povos originários que sofridamente aguardam que a cultura ocidental se reconecte com seus princípios sagrados para participar dessa maravilhosa experiência que chamamos de vida.


Limpar os sentidos de julgamentos, qualificações, classificações...desentupir os sentidos e experienciar a abertura, a entrega, a ação, ao ato do presente eterno, imprevisível, impermanente e incondicional.


Os sentidos nos oferecem um banquete!


Chegou o momento de estarmos a altura dessa dádiva.


* foto de Leandra Cardoso tirada no M.u.d.a. em janeiro 2020

O doce banquete dos Sentidos

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