Quando a ferida chega à superfície ela pode ser o acesso para sua raiz, pois a ferida é mero efeito.
Quando tratamos de curar a ferida seguimos ingenuamente expostos às suas causas.
Esse é o momento de reconhecer os caminhos percorridos que tem causado tamanho abalo.
Nem o pânico histérico de acreditar que é só catástrofe, nem o otimismo ingênuo de seguir no auto-engano esperando que a ferida se cicatrize.
O convite é para que surja a adultisse e reconhecer a desconexão com toda forma de vida (inclusiva a humana) que nossa sociedade cultiva.
Nem a arrogância de quem quer salvar a Terra, nem o niilismo que nos da a ilusão de independência e individualidade.
O planeta mostra o caminho onde a desaceleração do movimento anti-vida dos seres humanos começa a restaurar rapidamente a vida, pois ela nunca para de pulsar a favor da vida, mesmo com tanta interferência, ruído, desconexão.
A ultima coisa que a vontade de vida quer é voltar a “normalidade” anti-vida que vivíamos e que ainda vivemos só que de modo desacelerado.
O que temos agora é tempo e espaço para silenciar e escutar a pulsão da vida que surge da vacuidade, de onde surgem todas as criações nessa dança das meras e maravilhosas aparências que vivemos.
Não nos falta nada, seguimos sendo seres humanos com pulsão de vida e dependentes relacionais de toda existência.
O momento é de silêncio e nutrição da potencia interior.
Deixar de fazer, perder o ruído, esquecer o ressentimento.
Não é momento de fazer, mas desfazer.
Abrir mão.
Desinvestir.
Soltar.
Reconectar-se com o ponto zero.
Testemunhar a criação acontecer por ela mesma.
Momento de mergulho na raiz e encarar o estrago que temos feito com toda responsabilidade de quem assume suas ações.
São as pequenas realizações que abrem os caminhos.
Deixemos as grandes realizações e os altos voos para depois quando nos reconectarmos ao que realmente importa nessa passagem da humanidade sobre esse planeta.
Não ficaremos mudos, nem imóveis, mas palavras e movimentos surgirão de outros princípios.